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Cozinhando Discografias: Nine Inch Nails

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Por: Cleber Facchi

Nine Inch Nails

A seção Cozinhando Discografias consiste basicamente em falar de todos os álbuns de um artista, ignorando a ordem cronológica dos lançamentos. E qual o critério usado então? A resposta é simples, mas o método não: a qualidade. Dentro desse parâmetro temos uma série de fatores determinantes envolvidos, que vão da recepção crítica do disco no mercado fonográfico, além, claro, dentro da própria trajetória do grupo e seus anteriores projetos. Vale ressaltar que além da equipe do Miojo Indie, outros blogs parceiros foram convidados para suas específicas opiniões sobre cada um dos trabalhos, tornando o resultado da lista muito mais democrático e pontual.

Caos e ordem se misturam nas melodias sujas do Nine Inch Nails. Montada no fim dos anos 1980 por Trent Reznor, a banda de Cleveland, Ohio trouxe nas confissões amargas do músico o princípio de abastecimento para uma das discografias mais perturbadoras da cena recente. Seja ao distorcer os clichês dos anos 80 (Pretty Hate Machine, 1989), se afundar em melancolia (The Downward Spiral, 1994) ou caminhar por um cenário pós-apocalíptico (Year Zero, 2007), cada álbum do NIN encontra no teor obscuro dos versos um princípio natural de crescimento. Depois de um longo hiato e próxima de se apresentar no país – no Lollapalooza Brasil -, a banda teve cada um dos trabalhos em estúdio organizados do “pior” para o “melhor” lançamento em mais um Cozinhando Discografias.

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NIN

#08. Ghosts I-IV
(2008, The Null Corporation)

Desde o trabalho na trilha sonora de Lost Highway (1997), de David Lynch, Trent Reznor parecia cada vez mais interessado em explorar as nuances sombrias da música instrumental. Antes de dar vida aos ótimos The Social Network (2010) e The Girl With The Dragon Tattoo (2011), ambos registros em parceria com o músico Atticus Ross, Reznor fez da série Ghosts um campo aberto ao experimento. São 36 composições, todas orquestradas como pequenos temas ambientais, uma espécie de perversão da essência pacata de Brian Eno ao longo dos anos. Ainda que algumas das composições sejam típicas extensões do universo torto do compositor, caso de 3 Ghosts I, outras como 28 Ghosts IV mergulham em um conceito completamente transformador dentro da curta obra do artista. Uma constante divisão entre músicas de imposição climática e canções que buscam cercar a mente do espectador com doses consideráveis de sutileza.

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NIN

#07. Hesitation Marks
(2013, Columbia)

Urgente. Cinco anos depois de anunciado o “fim” das atividades com o Nine Inch Nails, Trent Reznor transformou Hesitation Marks em um cuidadoso regresso. Pontuado pela aceleração das batidas e maquinações velozes das guitarras, o disco não apenas serve como uma ponta para o exercício iniciado em The Slip (2008), como rompe com a morosidade instalado na obra do How to Destroy Angels, projeto paralelo de Reznor. Mais do que reforçar a própria arquitetura sombria do trabalho, explícita logo na chegada de Came Back Haunted, o músico assume com o oitavo álbum de estúdio uma evidente busca por hits. Cada música intercala vozes plásticas com um refrão acessível, como se do meio das sombras do NIN, Reznor encontrasse um objeto de puro preciosismo melódico. Com uma evidente aproximação com os inventos da década de 1990, o disco se esparrama em intervalos de pura interferência eletrônica (Disappointed) e faixas corrompidas pelo uso das guitarras, tratamento evidente na atípica Everything, que atravessa a fase embrional da banda para se acomodar no rock dos anos 1970.

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NIN

#06. The Slip
(2008, The Null Corporation)

Enquanto a série Ghosts veio como uma representação da calmaria do NIN, The Slip é a evidente imposição do caos. Lançado no mesmo ano que o conjunto de discos instrumentais, o sétimo trabalho de estúdio da banda de Trent Reznor é um nítido objeto de transformação para o NIN. Ainda que a crueza de músicas como Letting You reforcem o conjunto de experiências seguidas desde With Teeth (2005), a composição pop de faixas como Discipline e Echoplex preparam o caminho para o que seria aprimorado anos mais tarde, em Hesitation Marks (2013). O hermetismo do rock industrial, seguido de forma atenta até o lançamento de The Downward Spiral, em 1994, finalmente se abre para o público médio, que pode passear pela obra sem possíveis bloqueios. Claro que o propósito acessível do álbum não exclui Reznor de pequenos experimentos. São frações instrumentais, como em Corona Radiata – uma sobra de Ghosts? -, e até músicas ausentes de qualquer ordem aparente, proposta explorada em Head Down, mas seguida de forma ainda mais interessante na derradeira Demon Seed.

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NIN

#05. Year Zero
(2007, Interscope)

A busca por obras conceituais e versos políticos acompanham o NIN desde o começo de carreira, porém, somente em Year Zero que todo esse conjunto de referências foi realmente posto em prática. Longe das particularidades e confissões de Reznor, o quinto trabalho em estúdio da banda é um álbum que busca expandir territórios e apostar em diferentes esferas temáticas. Crítico, o disco ataca governos, discute questões sociais e foge durante todo o tempo do cenário particular que parecia habitar a obra do músico. Ainda mais próximo de Atticus Ross e novamente cercado por Alan Moulder, Reznor desenvolve uma obra em que todas as canções se comunicam abertamente. Enquanto as vocalizações variam entre instantes de calmaria (The Good Soldier) e berros secos (Survivalism), os limites instrumentais aos poucos se expandem. Livre de diversos aspectos testados na década de 1990, o músico se acomoda em uma série de referências tratadas sob pleno domínio das experiências eletrônicas. Isolado dentro do conjunto de obras da banda, Year Zero é um trabalho que quase passa despercebido, separado entre as confissões do álbum de 2005 e a limpidez pop que ocupa o álbum seguinte, lançado logo em 2008. O disco ainda contou com um jogo de realidade alternativa e um bem sucedido álbum de remixes.

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NIN

#04. With Teeth
(2005, Nothing/Interscope)

Pontuado pela sensação de recomeço, With Teeth é um mecanismo de ruptura e ao mesmo tempo continuação da obra de Trent Reznor. Menos esquizofrênico do que no registro que o antecede, The Fragile (1999), o quarto trabalho em estúdio do NIN é uma evidente representação do novo universo do músico, agora (parcialmente) livre das drogas. Conciso, o disco amarra cada composição como um objeto de apoio para a canção seguinte, exercício que remete ao cenário de Pretty Hate Machine (1989), porém, em uma arquitetura naturalmente límpida, quase futurística. Mesmo que a sobriedade do músico interfira na matemática simples da obra, é preciso observar que o contexto confessional do disco permanece o mesmo que nos trabalhos anteriores. São canções amargas, como Every Day Is Exactly the Same e Love Is Not Enough, faixas capazes de resgatar o mesmo domínio sobre o público acumulado desde The Downward Spiral (1994), porém, em uma formatação radiofônica, quase pop. Com produção mais uma vez assinada por Alan Moulder, With Teeth é a matéria-prima e o objeto de direção para aquilo que Year Zero (2007) e The Slip (2008) trariam de forma mais resolvida nos próximos anos da banda.

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NIN

#03. The Fragile
(1999, Nothing/Interscope)

The Fragile é uma obra corrompida pela expectativa. Lançado após um intervalo de cinco anos, o registro duplo parece assumir o (impossível) papel de superar o insuperável, vindo para substituir as canções marcadas de forma agressiva no interior de The Downward Spiral (1994). Parcialmente desprezado pela crítica na época do lançamento, porém, imediatamente aceito pelo público, que fez o álbum alcançar boas vendas, o terceiro trabalho de estúdio do NIN mostra o lado mais humano e ainda assim perturbador de Trent Reznor. Melancólico e melodramático, o álbum usa de cada música como um objeto de fragmento do próprio cantor. São músicas esquizofrênicas (We’re in This Together), canções que lidam com o romantismo de forma torta (Please) e um constante senso de desconstrução que acompanha toda a obra. Com uma aproximação ainda maior com a música eletrônica, The Fragile é um álbum em que a crueza dos arranjos se acomoda de forma não convencional dentro dos limites das canções. Seja em faixas instrumentais, caso de Just Like You Imagined, ou músicas pontuadas pela agressividade dos versos, vide Starfuckers, Inc., a falta de ordem cresce como uma constante assertiva para a formatação do disco.

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NIN

#02. Pretty Hate Machine
(1989, TVT)

Em um ano marcado por obras clássicas do rock alternativo – como Doolittle do Pixies, Bleach do Nirvana e On Fire do Galaxie 500 -, Pretty Hate Machine parecia assumir um domínio particular. Álbum de estreia do Nine Inch Nails, o registro não apenas entrega uma série de conceitos que viriam a orquestrar o futuro da banda, como reforça a insanidade de Reznor quanto músico e compositor. Explorando todas as possibilidades de estúdio, o disco atravessa as limitações do synthpop, fragmenta a essência do Pós-Punk até surgir como uma obra tão desafiadora, quanto comercialmente acessível. Munido de Hits – como Terrible Lie, Down It e Sin -, PHM parece mudar de direção o tempo todo. Enquanto músicas como Sanctified optam por uma manifestação estável dos arranjos, lidando com uma série de clichês dos anos 1980, outras como Something I Can Never Have reforçam toda a capacidade de Reznor em invadir a mente do ouvinte. Revelando todo o catálogo de influências do projeto, Reznor perverte a obra de Gary Numan, Joy Division e David Bowie em um ambiente ao mesmo tempo particular e aproximado de suas essências. Um direção segura para o que abasteceria toda a obra do NIN.

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NIN

#01. The Downward Spiral
(1994, Nothing/Interscope)

Com o lançamento de Broken EP, em 1992, Trent Reznor parecia ter mudado completamente a lógica do Nine Inch Nails. O uso de melodias sujas em proximidade ao conjunto de bases (quase) comerciais, serviram como um objeto de sustento para os versos ainda mais confessionais do artista. Profundamente perturbado e afundado em drogas, Reznor fez do segundo álbum oficial, The Downward Spiral, uma obra naturalmente particular, mas ainda assim próxima do ouvinte. Gravado na mansão em que Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski, foi assassinada pelos seguidores de Charles Manson, o disco se acomoda entre atos instáveis e contrastes instrumentais, uma espécie de passeio pela mente instável do próprio criador.

Existencial, o disco abre com a dolorosa Mr. Self Destruct, mergulha na crueza de Piggy e March of the Pigs, explode nos atos de Closer, até definhar lentamente na amargura que abastece a derradeira Hurt. Marcado pelos versos pontuais de Reznor, o trabalho dança pelas trevas em um evidente sentido de libertação. São composições que se afastam de qualquer relação familiar, fé ou mínimo ponto de equilíbrio, como se a autodestruição fosse a base para entender o universo (particular) do músico. Doloroso em essência, The Downward Spiral é a representação do que há de mais sujo na mente de qualquer ser humano: “Eu quero saber tudo/ Eu quero estar em todas as partes/ Eu quero foder todo mundo/ E eu quero fazer algo que realmente importa”.

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